sexta-feira, 31 de julho de 2009

Antes que o dia termine…

Prometi que voltava ontem com um poema de Mia Couto, mas furei. Antes que o dia termine e passe o mês de julho, vim reparar minha falta. Longe de mim ficar em dívida com a poesia, ainda mais com a de Mia Couto, a quem eu estou aprendendo a admirar, pelo pouco que dele conheço. Vou postar aqui uma das primeiras poesias que li do poeta moçambicano:

Poema da despedida

Não saberei nunca

dizer adeus

Afinal,

só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,

só nós não podemos ser

Talvez o amor,

neste tempo,

seja ainda cedo

Não é este sossego

que eu queria,

este exílio de tudo,

esta solidão de todos

Agora

não resta de mim

o que seja meu

e quando tento

o magro invento de um sonho

todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra

alcança o mundo, eu sei

Ainda assim,

escrevo

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Julho: Neruda e Mia Couto

Antes que o mês de julho termine, devo reparar minha ausência do blog publicando poesias dos dois autores homenageados do mês: Pablo Neruda, que eu descobri que é o pseudônimo de Neftalí Reyes, e Mia Couto, este poeta moçambicano cuja poesia e pensamentos estou descobrindo.

Mais sobre eles aqui (Neruda) e aqui (Mia Couto).

Vamos à poesia!

15

Pablo Neruda

ME gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía.

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

Do Livro: Veinte poemas de amor y una canción desesperada.


Amanhã eu volto com um poema de Mia Couto. Até lá.