segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Pablo Neruda, gracias por decir todo!

Uma homenagem do blog ao poeta chileno. Hoje completam 40 anos de sua morte.

Cien Sonetos de Amor
Pablo Neruda


XLIV
SABRÁS que no te amo y que te amo 
puesto que de dos modos es la vida, 
la palabra es un ala del silencio, 
el fuego tiene una mitad de frío.

Yo te amo para comenzar a amarte, 
para recomenzar el infinito 
y para no dejar de amarte nunca:
por eso no te amo todavía.

Te amo y no te amo como si tuviera 
en mis manos las llaves de la dicha 
y un incierto destino desdichado.

Mi amor tiene dos vidas para amarte. 
Por eso te amo cuando no te amo 
y por eso te amo cuando te amo




sábado, 22 de janeiro de 2011

Metapoesia

Bia Loivos
As palavras não têm dono; têm, no máximo, guardiães. 
Passam de boca em boca, promíscuas, tecendo sentidos. 
As palavras são do mundo. 
As letras do epitáfio são as mesmas da poesia. 
As palavras não têm escolha nem senso estético. 
É preciso quase morrer para fazer poesia!
Pois a poesia só se faz com a alma em carne viva; bruscamente.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dois tempos de amor

Bia Loivos

Depois de tudo, a gente de novo.
Outra vez, como sempre.
De você não quero nada
além do amor incondicional
e da presença inadiável.
Todos os dias,
tudo de novo.
Como convém aos apaixonados.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Depois da Guerra

 Foto: portal R7 Notícias

"(...)Ah, quem me dera que essa Guerra logo acabe e os homens criem juízo e aprendam a viver a vida. No meio tempo, vamos dando tempo ao tempo, tomando nosso chopinho, trabalhando pra família. Se cada um ficar quieto no seu canto, fazendo as coisas certinho, sem aturar desaforo; se cada um tomar vergonha na cara, for pra guerra, for pra fila com vontade e paciência - não é possível! Esse negócio melhora, porque ou muito me engano, ou tudo isso não passa de um grande, de um doloroso, de um atroz mal-entendido!"


Vinicius de Moraes, 1944, in: Poesia Completa e Prosa.
O texto completo pode ser lido aqui.


***


Nestes tempos de violência no Rio de Janeiro, sonhemos com o eterno poetinha que sabia bem das coisas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

37 anos sem Pablo Neruda

O poeta não é um ‘pequeno deus’. Não, não é um ‘pequeno deus’. Não está marcado por um destino cabalístico superior ao daqueles que exercem outras funções e profissões. Muitas vezes, expressei que o melhor poeta é o homem que nos dá o pão de cada dia: o padeiro mais próximo, que não se crê um Deus. Ele cumpre sua tarefa majestosa e humilde de amassar, colocar no forno, cozinhar e entregar o pão de cada dia, com uma obrigação comunitária. E se o poeta chega a alcançar essa simples consciência, poderia também a simples consciência facilmente tornar-se parte de uma colossal artesania, uma construção simples ou complicada, que é a construção da sociedade, a transformação das condições que envolvem o homem, a entrega da mercadoria: pão, verdade, vinho, sonhos. Se o poeta junta-se a esta luta nunca desgastada para incorporar sua parcela de comprometimeto, dedicação e carinho para os trabalhos ordinários da vida cotidiana e de todos os homens, o poeta tomará parte no suor, no pão, no vinho, no sonho da humanidade inteira. Só por esse caminho inalienável dos homens comuns chegaremos a restituir a poesia ao amplo espaço que lhe vai recortando cada época, que vamos recortando em capa época nós mesmos. (tradução livre feita por mim)

- Discurso de Estocolmo, pronunciado por Pablo Neruda quando recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, no ano de 1971. O escritor chileno morreu em 23 de setembro de 1973, 12 dias após o golpe militar que derrubou Salvador Allende, tomando o governo do Chile até 1990.

Para ler o discurso inteiro, em sua língua original, visite http://www.neruda.uchile.cl/discursoestocolmo.htm

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Poética

Para os que, assim como eu, são apaixonados pelo amanhecer,  aí vão algumas fotos do nascer do sol hoje na cidade do Rio, pelo fotógrafo Gabriel de Paiva para O Globo. A paisagem é a Praia Vermelha, na Urca. Poderia haver cenário mais apropriado? Irretocável. Poético.

Não posso mais ficar sozinho /Com o meu pensamento /Eu não aguento tanto tempo /Longe dessa casa /Será que é minha a sua casa ainda ? / Será que eu ainda caibo dentro dela ? /A Urca é linda /Mas você ainda é muito mais bela – Nando Reis (A Urca).

amanhecer 1

amanhecer 2

amanhecer 3

amanhecer 4

amanhecer 5

 amanhecer 6

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Amor e seu Tempo

Carlos Drummond de Andrade

Casal_de_velhinhos na cama

Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.